Era uma vez, num canto escondido da Mata Atlântica, onde o sol entrava em raios dourados entre as folhas, dois rios irmãos decidiram se encontrar: o Panelinha, magrinho e cheio de piruetas, e o Panelão, forte e lento como um boi andando. Quando eles se abraçaram, formaram um remoinho de risadas que brilhava como se tivesse estrelas dentro d’água.
Ali, perto desse encontro mágico, vivia Tucupi, uma capivara curiosa com pelos macios como almofadinhas de musgo. Ela adorava contar histórias para os animais, usando a língua da floresta — cheia de metáforas, como quando dizia:
“A mata é uma panela de sopa mágica: cada folha, cada bicho, é um ingrediente que dá sabor à vida!”
Um dia, Tucupi reuniu os amigos na beira do rio e anunciou:
“Venham! Vou mostrar como os rios são como fios de um bordado. O Panelinha é o agulhado rápido, cheio de detalhes; o Panelão é o fundo da tapeçaria, firme e cheio de força. Juntos, eles costuram a floresta!”
O sabiá-chorão, curioso, perguntou:
“Mas como assim, Tucupi?”
Ela, mergulhando uma pata na água, explicou:
“As águas misturadas são como uma orquestra: o Panelinha faz o violino, leve e agudo; o Panelão é o contrabaixo, grave e lento. E o som deles juntos é a música que alimenta as raízes das árvores!”
Enquanto falava, as folhas caídas dançavam na correnteza, como barquinhos levando sementes para novas aventuras.
“Cada folha é uma carta da floresta, escrita em código verde. O rio é o carteiro que entrega as sementes pra terra, pra ela plantar novas histórias!”
De repente, uma borboleta azul pousou no nariz de Tucupi e sussurrou:
“E se o rio secar? E se vier sujeira?”
Tucupi sorriu, mostrando seus dentões, e respondeu com confiança:
“Não vai! Porque a floresta é uma equipe. As árvores são as mãos gigantes que seguram a água. Os bichos são os guardiões que não deixam nada estragar a festa. Até o vento ajuda, espalhando sementes como confetes!”
Então, uma sombra suave cruzou o céu. Era Ofélia, a coruja sábia, pousando em um galho baixo com seus óculos redondos refletindo o sol. Com voz doce como o vento, ela disse:
“Vocês estão vendo certo! A mata é uma grande biblioteca. Cada rio é um capítulo, cada bicho é uma letra, e até o silêncio tem sua página. Se um pedaço sumir, o livro perde sentido.”Tucupi olhou maravilhada e perguntou:
“Então, se cuidarmos do rio, estamos escrevendo uma história feliz pra sempre?”
“Exatamente!” — confirmou Ofélia. — “Vocês são os autores. Usem a caneta da curiosidade e a tinta do respeito. Assim, a floresta nunca perderá suas páginas.”
E assim todos aprenderam que o encontro dos rios é um segredo guardado pela natureza, um lugar onde o tempo é lento e as águas têm gosto de liberdade. Ali não havia poluição, apenas o cheiro do barro molhado e o canto dos pássaros que ensinavam: a vida é uma teia de conexões — cada bicho, planta e rio faz parte do mesmo abraço. Esta história é como uma fruta de jabuticaba: doce por fora, cheia de sementes por dentro, convidando todas as crianças a protegerem esse tesouro vivo.
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